domingo, maio 28, 2006

coleccionismo

sábado, maio 27, 2006

A feira é um jogo,

os vendedores tentam vender o mais caro possível, e eu sinto-me vencedor quando consigo comprar muito barato uma peça que sei que vale muito mais. Assim sendo, tanto vendedores como compradores andam à procura de enganar o outro.
Procuram-se nas feiras aqueles objectos que tem alguma história,















emblemas de uma época ou situação, objectos que nos levam a fantasiar o antigo dono. E que nos levam a pensar por que razão ele, ou ela, se teriam visto livres deles:a necessidade de dinheiro, um corte com o passado para iniciar outra vida com novos objectos,
ou com espaço para colocar novos objectos





até ao começo do fim


A textura de um amontoado de chaves















O acaso de uma imagem gratuita















A satisfação de necessidades electrónicas














Martelos para que qualquer coisa funcione,
















Ou umas ferraduras para nos darem sorte a todos,















Até a feira começar a acabar


quarta-feira, maio 24, 2006

a ligação das tábuas















Foto AF, 2005; pormenor de soalho da varanda Sul
da Casa de Carneiro, em Covide, Terras de Bouro (Gerês)

contem-lhe a história




















exterior da capela e casa do Passadiço, em Covide, Gerês
Fotografia de Armandina Maia, 2005

Uma casa e uma capela abandonada, a precisar de ser Patrimóno Municipal de Terras de Bouro. A precisar que lhe contem a história e de como o Marechal Saldanha uma vez arranjou lá refúgio.

o outro lado da ruína




















Foto AF, 2005; interior da capela da N. Sª da Boa Morte da casa do Passadiço, em Covide (Gerês)

reconstruções da memória




















interior da capela da N. Sª da Boa Morte,
da casa do Passadiço, em Covide

No interior da capela abandonada podia ver-se um resto de talha barroca já com os dourados quase apagados, um napperon enegrecido de renda branca e rota, bocados de madeira encostados à parede, um genuflexório partido onde se reconhecia um sinal de veludo carmim. Tudo acontecia na difusão da luz que vinha de uma abertura onde aparecia o sol sobre um varandim. A porta, pesadíssima, encontrava-se fechada e resistia ao tempo. Um ligeiro vento passava pelo interior da capela para onde se podia espreitar através de umas grades. Por umas aberturas secretas ouvia-se um pano a bater.
Parecia que um cão ladrava, reclamando a reconstrução das almas.

segunda-feira, maio 22, 2006

cortina




















e lá em baixo a timidez do vento, enquanto o cigarro brilha o lume, a fome,
quando a cortina se agita neste princípio do verão,
a almofada ainda quente das palavras.

texto /imagem AF 2005

sábado, maio 20, 2006

sol de pouca dura

Ontem fui mesmo a tempo de fotografar os rebentos que aparecem no últino post, aí por baixo. Zelosos cuidadores da limpeza da floresta limparam aqueles tímidos raminhos que me proporcionaram especulações mitológicas e psicanalíticas. Hoje voltaram à estaca zero, na verdadeira acepção da palavra.

sexta-feira, maio 19, 2006

A teimosia dos choupos


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Apesar da castração das árvores, há uns rebentos que dão sinais de si.
Pura rebeldia, Eros contra Tanatos, ainda bem.

As árvores foram cortadas, segundo consta, para que a calçada não levantasse. Mas ficou tudo a meio.
Mais valia que os choupos lá continuassem inteiros. Por todos os motivos

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segunda-feira, maio 15, 2006

Jogo de partir e de voltar

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AF. dentro do mar, 2005

Procuraram um certo mar onde pudessem correr até à extinção das raivas guardadas no centro do corpo. A pele lisa de Clarice roçava a luz e revelava-lhe a seda húmida, na incerteza tardia onde a água e o leite lhe escorriam pelos dedos minúsculos e sujos, durante a maré vaza, como no tempo da praia regular onde reprimia o ventre. E tudo além do sol se filtrava pelos toldos riscados de azul. Só hoje a sua mão, de novo, se apertava, ainda presa à idade onde se urinava livremente, num gesto protegido a fingir o gracejo. E não se moveu a sua mão, nem sequer prendeu o mar, nem suspendeu a infância das tardes onde corriam os lábios pela areia, com pequenos gritos a prolongar o dia. Só tremeu a sua mão quando emergiu um rápido golfinho. O ar inteiro respirava as ondas vislumbradas no espanto e, no breve sumo desse mar interrompido de pinheiros e de frutos, era a mão de Clarice que se estendia na forma do silêncio da distância de uma ilha, num jogo de partir e de voltar. Ondulavam-lhe dúvidas num barco, quando o torso dela subia ou crescia, no limite da orgia do olhar.
A Ferra, inédito, 2005

sexta-feira, maio 12, 2006

Natália, ainda




















O que me impressiona em muitos retratos de Natália Correia é este olhar que revela uma determinação invulgar da mulher que defendeu as suas ideias, às vezes com uma intransigência aparente. Como se risse da sua própria teimosia. Recordo-a em entrevistas e aparições públicas.
A sua veia satírica não passa despercebida, pois, além do mais, insere-se naquilo que é genuinamente português. Desde os cancioneiros, quando a língua portuguesa ensaiava ligeiros passos da diferenciação.


Já não sei se é país se é orfanato
Pois nem vela, nem reza, nem sabá
Impede que em berreiro e desacato
Ande tudo à procura do papá.
(...)
in Cantigas de Risadilha, O Bisnau, nº1, 1983

domingo, maio 07, 2006

«How real is real?»























Só "plageei" o título do post. «How real is real?», foi o que li aqui. Depois, achei que estes e estas têm andado arredados do funcionamento e lá apareceu mais uma, que fica em homenagem às belíssimas fotografias que se fazem por outras paragens.

água de VOSS






















Aproximei-me de uma loja no “Colombo” para ver o que havia dentro de um boião e veio uma jovem informar-me que aquilo era sal do Mar Morto em óleos essenciais e fragrância. “É muito bom para a circulação”, disse ela.
Achei que era meu dever dar conta deste acontecimento.
De passagem, lembrei-me de fotografar um frasco de água que me ofereceram. Conservo-o cuidadosamente selado e transcrevo as legendas gravadas:

VOSS tm Artesian Water from Norway
Bottled at the source of VOSS,
N-4730 VatnestØm, Norway by
VOSS Production A.S.

For information:
Call 1-877-525 – VOSS
www.vosswater.com

Presumo que o Mar Morto tenha uma informação tão clara do seu sal como a Noruega tem da água do “gêiser” de VOSS.

sábado, maio 06, 2006

Freud, duas capas

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El malestar en la cultura, publicado em 1930; título original: Das Unbehagen in der Kultur
El Libro de Bolsillo – Alianza Editorial, S. A., Madrid, 1970, 1973;
Sección: Humanidades


O capista deve ter compreendido o conceito freudiano de superego, como interdição reguladora social, digamos assim.
Freud não é um estranho no funcionamento. Mas as minhas primeiras leituras foram feitas aqui, na “Alianza Editorial”.
Os livros, que cabem no bolso, eram (e são) baratos, acessíveis e tem capas muito sugestivas.

Porque é bom que o leitor fantasie e se interrogue: “o que está lá dentro?”

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A outra capa de um estudo sobre Freud, de E.H. Gombrich, tem o nome do capista na ficha técnica – Julio Vivas. O livro é publicado pela Barral Editores, de Barcelona, em 1971, em Ediciones de Bolsillo.

Traz um retrato trabalhado que incute no leitor a vontade de perguntar: “o que vê Freud?”

segunda-feira, maio 01, 2006

fim de feira

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A feira está quase no fim, alguns lugares mostram o fim da tarde,

mas ainda se podem comprar muitos objectos: um quadrinho de moldura em metal com duas meninas, um frasco de vidro cor de rosa, um par de jarrinhas, vários pratos, um cruxifixo...

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A feira de Algés funciona ao quarto domingo de cada mês, na sensualidade das tardes.