terça-feira, janeiro 31, 2006

basta uma folha

separador

domingo, janeiro 29, 2006

casamento de plástico com vitral ao fundo






casamento de plástico com muitas flores




















Stampato in Italia - 936
Riproduzione vietata

anos 70

casamento de plástico com bolo




















Eurocromo. S.L. - Barcelona (España)
Séri 1502/5 Dep. legal B. 31398 IX
Printed in Spain

anos 70

sexta-feira, janeiro 27, 2006

o barco do amor encenado




















no verso:
Barcelona España – Propriedad Artistica Reservada
7327/31 D
Impresso en España Printed in Spain
Depósito Legal B. 30744 XV


Anos 70

amor em tempo de guerra


sexta-feira, janeiro 20, 2006

a avaria está sempre na torre

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Gostava de saber como funciona um computador. Mas exactamente. Aparte os portáteis, ainda não perdi aquele impulso inconsciente de achar que a avaria está dentro do monitor, que o ecrã comanda tudo. Porque se vê.
Quantos são como eu e não confessam? Mas, afinal, é por causa das coisas que estão dentro de uma caixa chamada torre. Torre!
A propósito do funcionamento dos computadores, acabo de saber que "O telescópio" se encontra novamente em acção, depois de uma longa avaria, o que me alegra muito. Até porque "o funcionamento..." acaba de receber um prémio - um telescópio de chocolate - pelos motivos que este blogue aponta.
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Uma das razões para a atribuição do referido prémio foi a investigação sobre autoclismos. A propósito, deixo aqui este autoclismo foleiro, com corrente de metal e pegadeira de plástico.
O segredo do seu funcionamento está no mecanismo inserido na caixa visível - depósito. Ao contrário de um computador.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Quem guarda tem

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Sorte? Então não é que eu perdi a valiosíssima capicua com o número 33333! Não foi bem perder, ela deve estar muito bem guardada, mas não sei aonde. Já não é a primeira vez que a perco, mas agora ela não dá acordo, desde que foi "postada". Vingança? Ciúmes dos manequins e dos postais?
A vida é feita de ganhos e de perdas. As perdas ferem, mas é preciso relativizá-las.
(os conselhos são bons para os outros)
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estes são o reverso dos bilhetes de cima

domingo, janeiro 15, 2006

Quem inventou o corta-unhas?

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Um corta-unhas é uma peça de design constituída, essencialmente, por quatro partes:

- uma barra metálica inferior com uma extremidade para corte e outra para fixação a
- outra barra metálica superior, colocada na posição inversa;
- uma alavanca sobre a barra metálica superior presa a
- um perno disposto na vertical
(há sempre uma pequena lima presa à barra superior que roda para ambos os lados, na horizontal, mas não é essencial para o funcionamento do mecanismo)

O que é mais digno de admiração é justamente o funcionamento do corta-unhas pelo sistema de alavanca, que permite contrariar o efeito da força expansiva das duas barras que foram colocadas à pressão de maneira a repelir-se. O perno (eixo) onde se desenrola este jogo é muito bem concebido, assim como o orifício da alavanca.

Há pequenas coisas que são feitas, utilizadas, e depois ficam anónimas. Tal como certas canções que são compostas por alguém e depois passam ao domínio popular, perdendo-se a autoria no tempo.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

“another Macbeth”

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1st Witch - When shall we three meet again?
In thunder, lightening, or in the rain?
2nd Witch – When the hurlyburly’s done,
When the battle’s lost and won
3rd Witch – That will be here the set of sun.
(…)
Macbeth, Act I, scene I

terça-feira, janeiro 10, 2006

respigar sons

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linha melódica das árvores

Passeio eu, agora, a pé, pela dureza do chão da cidade, compa­rando o piso de cimento ou asfalto com a maleabilidade acolhedora da madeira. Lembro‑me que, uma vez, sentia o piso ainda mais fofo, quando caminhava, num Outono, sobre folhas caídas, acumuladas e húmidas, um receptivo tapete. Estava algures noutro país da Europa e, na minha frente, estendia‑se um prado verde - outro tapete aveludado entre montanhas. Nesse prado pastava preguiçosamente uma manada de vacas. Todas traziam um chocalho e, enquanto as observava, registei num pequeno gravador os sons das vacas no movimento livre que executavam a pastar. Era um som, ou melhor, um conjunto de sons com uma harmonia própria e o ritmo da necessidade biológica de se curvarem para comer. Quem respiga objectos e imagens também pode respigar sons abandonados, perdidos num prado de postal. Era um dlim‑dlom inexplicável, muito arcaico, ecoando no silêncio. Só a disponibilidade para escutar me fazia distinguir na natureza a marca que o homem lhe fez, ao assinalar o gado com aqueles chocalhos suspensos.Mais tarde, muito mais tarde, deram‑me a ouvir música dita do Bali. Curioso! Os sons eram exactamente os mesmos, só que arrumados de maneira diferente. Dir‑se‑ia que, apesar da distância entre a Europa e a Ásia, o homem resolveu estruturar o mesmo conjunto de sons. De um aparente caos passou-se a um aparente cosmos.
O que isto provocou em mim ‑ talvez a minha grande lição sonora ‑ foi a compreensão dessa capacidade humana de à mesma matéria‑prima dar forma diferente e transformá‑la, adaptando‑a ao ritmo da sua cultura, na passagem de um certo caos a um certo cosmos.
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imagem de "les glaneurs", de Agnés Varda

segunda-feira, janeiro 09, 2006

contradições poéticas

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poema visual, AF, s/d

Na poesia, as palavras e as imagens sugerem situações e sentimentos. As palavras podem ser desenhadas ou sugeridas elas próprias por imagens gráficas. A poesia, ao contrário de um jornalismo dito objectivo, não tende para a descriçaõ e cópia da realidade. Transforma-a, através de novas associações que não se encontram na comunicação imediata e utilitária. Cria a sua própria realidade. Quanto mais arrojada e surpreendente for a criatividade das associações, maior é a sua capacidade de transformação desse real, do qual ela – a poesia – parece afastar-se, ao não querer copiá-lo. O poema (também) funciona nestas contradições.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

um certo inverno

sem palavras

Sem imagem



A insuficiência das palavras

Sento-me junto à janela envidraçada e olho a porta em frente, talvez de madeira de castanho, pintada de um verde pardo, recentemente. Alguém parece ter querido conservá-la. Está emoldurada por uma cercadura da pedra calcária, aquela pedra que parece gasta com os séculos. Na parte superior, até quarenta centímetros que acompanham uma bandeira de vidro, a cercadura é discretamente trabalhada, sem qualquer exuberância barroca. Apenas uma dobra de pano simulada na pedra. A porta tem almofadas na metade superior e na inferior, sendo as de cima mais pequenas. Neste intervalo, dos dois lados, sobre vidro escurecido, há uma protecção decorativa em grades de ferro pintadas de prateado, desenhadas em arabescos simétricos, fazendo aquelas linhas curvas em forma de borboleta.
Toda a frontaria que circunda a porta é revestida de azulejos, numa repetição infinita de pequenas cruzes verdes, simulando trepadeira quadriculada e, no centro, uma flor do mesmo verde recortada no perímetro. Tudo sobre um fundo branco baço, ligeiramente envelhecido.
Perco-me a olhar a porta, sentado neste pequenísimo café.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

(nem) tudo tem a ver com tudo

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natureza morta, foto trabalhada, A. F.2005

No mês passado, num hotel em Itália, descobri na casa de banho dum hotel, um autoclismo com certas características: imaginemos um daqueles que têm uma patilha no topo dum tubo inox colocado sobre a sanita, com cerca de 80 cm centímetros de altura; daqueles que descarregam com uma forte pressão, que fazem um barulho danado nessa descarga rápida. Só que, neste caso, não se via o tubo, que estava inserido no interior da parede, apenas se fazia o toque de descarga, pressionando um botão, sim, um botão que saía da parede. Como se isso não bastasse, a mais de dois metros de altura estava o respectivo depósito, como um vulgar autoclismo tradicional de puxar a pega pendente por uma corrente.
Quando tudo sobre autoclismos me parecia resolvido, eis que surge este. Há objectos que tem múltiplas utilidades, como é o caso. Este, tal como um manequim, serve como suporte projectivo para reflectir sobre a funcionalidade e o funcionamento de certas coisas. Como na vida em geral: às vezes parece que tudo está resolvido, porque compreendemos os mecanismos, mas uma velha questão vem à superfície, não resolvida, afinal.
Tentei fotografar este aparelho, mas não foi possível, devido à distância entre o tubo e o depósito. Só se fotografasse as duas partes separadamente, o que não me interessava. Por isso, achei por bem colocar esta imagem da fruta, que não tem nada a ver com o tema.
Porque (nem) tudo parece ter a ver com tudo, tal como as partes distintas deste autoclismo, que, no entanto, fazem parte do mesmo corpo.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

O abandono da lampreia



Ontem, dia 1 de Janeiro, numa zona ajardinada de Telheiras, estava uma lampreia de ovos abandonada, dentro duma caixa de cartão. Intacta, morta, com os olhinhos de chocolate a olharem para mim, rodeada de cerejas cristalizadas.
Foi alguém que a deixou ali, porque tinha lampreias a mais?
Porque não gostava da pessoa que a ofereceu?
Porque ali vivia um diabético descontrolado?
Porque desconfiou da lampreia?
E eu disse para comigo «dava uma boa história».